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fabiojmpessoa

Por que ignorar o atendimento vai te custar caro

Atualizado: 15 de dez. de 2023


Era um daqueles sábados corridos. Saí de casa perto da hora do almoço com minhas duas crianças no banco de trás do carro. Íamos buscar minha esposa que estava em outro compromisso. Tínhamos pouco tempo para os dois deslocamentos e no meio conseguir ainda almoçar. Um compromisso inadiável com a escola da minha filha aguardava na agenda. Assim que peguei minha esposa, começamos a procurar no caminho um local para almoçar.


Avistamos um restaurante com bastante movimento. Quem tem um pouco de experiência sabe que casa cheia é um bom sinal. Estacionamos, descemos do carro, entramos no estabelecimento e começamos a servir. Dois pratos com comida que praticamente alimentariam só as crianças. Quem tem filhos de 2 e 5 anos sabe que colocar pratos exclusivos pra eles é prejuízo. Estando com pressa nem se fala!


Nós quatro nos assentamos e mais do que depressa cada um dos adultos se incumbiu de dar atenção para um dos pequenos. Entre uma colherada e outra pra eles, petiscávamos uma. De repente vem a garçonete para perguntar sobre as bebidas e anotar a comanda. Solicitamos suco e ao observar o papel em cima da mesa veio a surpresa. Estavam marcadas 4 refeições mais as bebidas.


“Moça, por favor? Pode me esclarecer o que vamos ter que pagar?” A funcionária se aproxima calmamente e diz que eles cobram por cabeça. Já que haviam 4 pessoas assentadas e mastigando, este seria o total de pratos a pagar. Tentei entender a lógica, mas sem sucesso pedi a ela que olhasse para a mesa. Dois pratos rasos com pouca comida, duas crianças pequenas. Como assim pagar por 4 pratos de comida?


Percebendo a falta de autonomia e o ar intimidado da atendente, perguntei pelo responsável. Ela apontou o balcão e pareceu se encolher temendo a reação dos patrões. Me aproximei, cumprimentei e expliquei a situação. Sem dar atenção a senhora do caixa me pediu para ler o cartaz que estava na entrada. Expliquei que a intenção não era encher a barriga, mas alimentar as crianças. Pedi que fosse à mesa pra ver os pratos e só então definir como resolver.


Sem titubear ela chamou o marido. O bruto repetiu as mesmas palavras, porém com tom mais ríspido e ofensivo. Faltou somente cuspir no chão. Não houve diálogo, somente o monólogo da dupla de ogros que se preocupam somente com a ladainha do valor por cabeça. Por pouco não me expulsam à base da força. Só não o fizeram porque eu não me recusei a pagar e ameacei chamar a polícia para registrar o fato.


Não concluí a intenção porque meu compromisso não podia esperar. Mas como cliente já tinha definido minha postura: não voltar e não recomendar o local. Mais tarde, com calma, entendi exatamente o que havia ocorrido ali. Aqueles empresários não vendem alimentação para atender uma demanda de mercado. Eles trabalham cegamente vendendo almoço para comprar a janta.


Não há gestão, não há processo, não há cliente, não há qualidade. Somente o objetivo de vender cegamente. Onde não há meta, não há foco. Onde não há diálogo e troca, não há crescimento ou aprendizado. Não precisa ir mais longe. Trata-se de um negócio frágil, sem sustentabilidade ou perspectiva de futuro. Empresas paradas no tempo não estão fora de moda, mas estão longe de estar competindo no mercado. E neste caso, não há bom atendimento que dê jeito! Levei dois, mas paguei quatro! Experiência nota zero!


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